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2 História de Catanduvas PR

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OESTE DO PARANA ANTES DA REVOLUÇÃO DE 1924

A pequena e pacata cidade de Catanduvas, terra onde reside um povo humilde cuja maior fonte de renda é a agricultura de subsistência, guarda em suas entranhas uma das batalhas finais da Revolução de 1924.

Segundo os registros literários que tratam sobre o assunto, o Oeste do Paraná permaneceu por um longo tempo esquecido e a margem da economia e da sociedade brasileira. Assim a área só recebia atenção quando era ameaçada.

 

COLÔNIA MILITAR: O INÍCIO DA CONQUISTA DO OESTE

 

A colônia Militar foi quem deu origem oficial ao povoado de Foz do Iguaçu, deve ser mantida na memória regional, pois representou a conquista definitiva do Oeste Paranaense pelo homem branco.

Após a queda do Império que autorizava as empresas anglo-argentinas a explorar a erva-mate na região, os militares abriam picadas no sertão em busca de seu objetivo que era a conquista do oeste, no entanto, isso levou tempo e eles só chegaram na fronteira em 22 de novembro.

Segundo Wachowicz, em sua obra Obrageros, Mensus e Colonos, com a implantação da Colônia militar; em 23 de Novembro, foi o marco que deu inicio a conquista da região Oeste do Paraná e o começo de um intercâmbio crescente com Guarapuava e Curitiba, promovendo deslocamentos humanos que culminaram na tão sonhada colonização do oeste.

O autor enfatiza em sua obra, que a Colônia Militar foi instalada no dia 22 de novembro de 1889, entretanto apenas 9 pessoas dos 324 que estavam na colônia, eram brasileiros com predominância óbvia de paraguaios e argentinos. Essa primeira experiência colonizadora no Oeste não emplacou na primeira República, um dos mais fortes motivos do abandono da Colônia foi a desconfiança que se espalhara de que seus lotes provisórios, urbanos e rurais não tinham valor significativo, com pequenas possibilidades de lucro para os benfeitores, diante dos novos regulamentos publicados a partir de República. Outra razão poderosíssima de sua decadência: as concessões capitalistas (como a arrendamento de extensos latifúndios a ervateiros argentinos) e os contratos para extração de erva-mate e madeira, feito por empresas que exploravam essa extração, sem o respeito devido aos lotes desses colonos.

Conforme descrito por Wachowicz, ao fixar colonos na colônia militar, o objetivo era promover o povoamento por brasileiros e estimular a produção de gêneros alimentícios, no entanto, constatava-se que isso não vinha ocorrendo, pois a agricultura apresentava pouco desenvolvimento, não obstante a fertilidade da terra.

Era sabido que a presença da colônia militar e de sua respectiva população agrícola, tinha o objetivo de alterar os costumes exploratórios de predação utilizados no mate e na madeira. No entanto, conforme observa Abreu, os colonos de modo geral cortavam e vendiam a madeira existente em seu lote, o mesmo fazendo com a mata, devastando as reservas do Estado em benefício próprio. Assim, os diretores e oficiais que eram destacados para administrar a colônia militar, nada faziam para modificar os rumos que a mesma vinha tomando, promovendo uma serie quase que ininterrupta de erros, desmandos e desvios, o que motivou o ministério da guerra, a extinguir a colônia em 1912 e entregá-Ia ao Estado do Paraná, que imediatamente instalou em Foz do Iguaçu uma agencia fiscal, autorizada pelo ministro da guerra.

 

AS OBRAGES

 

Segundo Wachowicz, as obrages eram companhias que possuíam portos próprios nos rios Paraná e Piquiri, Santa Helena, Britânia, São Francisco, Artaza Mendes Gonçalves, Guaíra são alguns deles. A erva-mate presente no alto do Estado constituía o verdadeiro interesse dos argentinos. Povoação e colonização poderiam vir ser subprodutos de sua exploração.

A partir de estudos de Wachowicz o mesmo conclui que OBRAGES foram propriedades ou ainda, áreas exploradas, nas regiões cobertas da matas subtropicais, na Argentina e Paraguai. O interesse fundamental de um OBRAGERO não era a colonização nem povoamento e sim a extração da erva mate, nativa da região, bem como da madeira em toros abundantes na mata nativa subtropical A OBRAGE, estava assim ligada a essa frente extrativista: Mate madeira. Essa exploração iniciou-se no século XIX na Argentina e no Paraguai e consequentemente penetrou de forma natural e espontânea pelos vales navegáveis do Paraná e Paraguai, e como o controle geoeconômico da navegação do Rio Prata era feito pelos Argentinos, os obrageros daquele País foram responsáveis pela iniciativa desse sistema em solo brasileiro.

Preocupava o Ministério da Guerra, e o crescimento da população argentina e paraguaia na região e a exploração predatória da erva-mate e da madeira. A velha luta para garantir a integridade do território brasileiro neste ponto do mapa não havia terminado. Era chegado o momento de dar um impulso definitivo à ocupação por brasileiros do estratégico ponto geográfico da fronteira com o Paraguai e a Argentina.

A chamada obrage foi uma propriedade e/ou exploração, típica das regiões cobertas de matas subtropicais, em território argentino ou paraguaio. Os brasileiros que residiam em Foz do Iguaçu exerciam funções públicas como fiscalização e cobrança de impostos. A economia baseava-se na exploração de produtos nativos por meio de empreendimentos econômicos baseado no latifúndio extrativista e nas relações de trabalho servidão.

Obrages eram empresas que contratavam trabalhadores da região, mensus, designava cada trabalhador numa obrage, e sempre trabalhadores paraguaios mais conhecidos como "guaranis modernos", os quais compõe-se de população de origem indígena mas que cuja língua predominante é o guarani, entretanto há séculos eles convivem com as populações brancas ou "civilizadas". Esses indígenas foram a principal mão de obra para a implantação das obrages.

Segundo Wachowicz, com a solidificação das obrages houve a necessidade de contratação de peões, os quais eram conhecidos como mensus, palavra derivada do espanhol que significa mensalidade, ou aquele que recebe por mês.

Segundo Figueiredo, o termo mensu equivale ao peão e do seu trabalho era pago mensalmente a expressão vem do espanhol mensual, ou seja, mensalista. Esses trabalhadores deviam obediência irrestrita aos obragedores, proprietários das explorações e aos capatazes, homens de confiança e responsáveis pela disciplina e produção. Os mensus trabalhavam como escravos ou servos, presos ao patrão por uma conta corrente praticamente interminável. Era praticamente impossível para o mensu pagar o que recebeu e caso não tentasse fugir, certamente morreria devendo.

Segundo ENGEL, os peões na obrage não recebiam dinheiro, e seu pagamento era em forma de vale por escrito, ou no caso da algumas dessas companhias como a Mate Laranjeiras que fornecia moedas metálicas onde estava impresso o valor das mesmas, no entanto circulava apenas dentro das obrages, ou seja, era uma espécie de dinheiro corrente, apenas dentro da propriedade.

Visando ampliar e dar prosseguimento a dependência dos peões, as companhias incentivavam a presença de mulheres nas obrages, pois assim, os mensus se tornavam cada vez mais dependentes, uma vez que ao desposar uma mulher, tinham que aumentar o limite de sua conta corrente e assim ampliava sua dependência. Muitas vezes para saldar uma divida, os peões entregavam suas mulheres aos capatazes.

Segundo Wachowicz, o mensu só podia deixar a obrage quando tivesse quitado a sua conta corrente. Assim, para garantir que os mensus permanecessem nas obrages ate quitarem seu ‘antecipo’, os empresários ostentavam um rigoroso controle, que compreendia de botes até grandes vapores, visando inibir a fuga dos trabalhadores.

Essa frente extrativista mate-madeira, procedente da Argentina, penetrou no território brasileiro, que era mais rico desse produto. A invasão ocorreu inicialmente pelo vale do Uruguai, então fronteira entre o Paraná e Rio Grande do Sul. Em poucas décadas, a costa paranaense, viu-se ocupada por cerca de duas dezenas dessas obrages.

 Wachowicz destaca em sua obra, que a Companhia Mate Laranjeira, que começou a realizar a exploração da erva-mate emadeira no Mato Grosso e, depois também, no território paranaense, exportava seus produtos inicialmente pela vila Concepcion no Paraguai. Mais tarde construiu um aterro ferroviário até São Roque, numa extensão de 22 km. Posteriormente construiu outra ferrovia ligando Guairá a Porto Mendes, no Paraná. Visando um meio mais pratico e econômico de realizar a exportação, foi realizado um estudo e a Erva Mate Laranjeiras passou a exportar seus produtos pela Prata, utilizando os vários afluentes do rio Paraná em território matogrossense, criando o porto de Guairá.

 

CATANDUVAS E A REVOLUÇÃO DE 1924

 

Segundo Anita para ser possível entender os acontecimentos da década de 20 no Brasil e que culminaram com a "revolução de 30", é imprescindível realizar um estudo que permita ter uma visão ampla dos fatos que permearam aqueles acontecimentos, em especial a trajetória do tenentismo, principalmente da Coluna Prestes. Apesar de importante, esse trecho da história brasileira ficou relegada a segundo plano pelos historiadores, sendo que, conseqüentemente, a bibliografia existente quanto ao tema é escassa.

Esta ausência de bibliografia se deve não apenas por falta de registro dos próprios envolvidos nos fatos, mas ao que tudo indica foi propositalmente deixada de lado. Havia interesse claro em relegar a Coluna Prestes e seus atos ao esquecimento, e ao mesmo tempo permitir que o seu conteúdo real fosse deturpado e manipulado de modo que os feitos fossem tratados com descaso, como fato irrelevante.

A luta de Luiz Carlos Prestes com os "tenentes" em 1930 e adesão aos ideais comunistas, pode explicar muita coisa. A partir daquele momento quase todos os antigos companheiros - que já estavam comprometidos, em maior ou menor grau, com Getulio Vargas - viravam-lhe as costas, tendo-se integrado no movimento em 1930, e posterior, ente, servido ao poder estabelecido com a derrocada da Republica Velha.

O Tenente Prestes estava diretamente identificado com a Coluna antes de 1930. No entanto, a partir dessa data passou a se identificar também com o Comunismo e União Soviética e diante disso os antigos "tenentes‘ julgaram necessários destruí-lo, pois estava se tomando uma ameaça. Para Anita, ocultar, de certa forma, a verdade sobre a Coluna Prestes e o tenentismo foi a maneira mais prudente e adequada, a ser adotada pelos governantes visando criar uma historia oficial, para contribuir para a justificação da política dominante.

 

REVOLUÇÃO DE 1924

 

Anita Prestes enfatiza em sua obra, que Prestes deu inicio a um novo modo de conduzir as tropas, o qual induziu seus combatentes a lutar pelo seu Ideal, sem medir sacrifícios prestando total obediência ao comandante, no qual acredita e confiava, inclusive espelhando-se nele. Assim, Prestes transformou a coluna numa espécie de família, em que os soldados conviviam harmoniosamente unidos pela mesma causa e dispostos a dar a vida por ela, consciente de que atendiam os anseios de todo o povo brasileiro.

 

ELEIÇÕES DE 1922: INICIO DA REVOLUÇÃO

 

Marly Vianna, em sua obra Política e Rebelião nos Anos 30, destacam que no primeiro período da República, conhecida como República Velha, que compreende o período de 1889 até 1930, estabeleceu-se a "política do Café com Leite, na qual a política brasileira era controlada por representantes dos estados de São Paulo e Minas Gerais.

Segundo Vianna, foi quase no final desse período, nos anos 20, que ficou registrada como a "crise da Republica Velha", pois foi neste período que aumentaram as oposições ao domínio das oligarquias cafeeiras de São Paulo e Minas Gerais. A população brasileira em massa clamava por mudanças, em especial jovens militares, a maioria tenentes, dai a origem do "tenentismo" como ficaram conhecidas suas lutas. A reivindicação era "representação e justiça", que podia ser traduzida em voto secreto e honestidade nas eleições.

Para Anita, o tenentismo era um sangue novo que preenchia o vácuo deixado pela ausência de lideranças civis que fossem capazes de conduzir o processo revolucionário brasileiro. Substituíam os inexistentes partidos políticos de oposição aos governos dominantes. Para a autora, a verdade é que o clima revolucionário dominante no Brasil provocou um impacto significativo na juventude militar, que devido a sua origem social e difícil condições de vida, considerava-se ligada a camada media urbana, sendo influenciados por elas, pois o tenentismo era fruto da crise da Republica Velha.

Em sua obra intitulada A Coluna Prestes, Neill Macaulay ressalta que para a essa nova geração de oficiais do exercito, recém saída da Escola Militar, a obrigação básica era servir a nação e não egoístas interesses regionais.

Neste período o voto não era secreto, havia o chamado "voto de cabresto" não havendo fiscalização por algum órgão competente, como a justiça eleitoral de hoje. Os membros da mesas de votação eram indicados pelos coronéis locais. Havia, portanto margem para fraudes e coação nas eleições. As pendências eram decididas por uma comissão de deputados e senadores, geralmente ligados ao partido dominante. Não existia um partido nacional, apenas partido resultados de oligarquias regionais. O Partido Republicano Paulista (PRP) era o mais importante da época.

 Os tenentistas, não acreditavam na chamada "democracia liberal", por considerarem os políticos corruptos e incapazes, almejavam uma ditadura militar que moralizasse o país, convictos de que só assim o Brasil poderia ser conduzido pelo caminho do desenvolvimento nacional. Consideravam ainda, que o único meio de alcançar seus ideais e regenerar a república era através da luta armada, que teria início nos quartéis para a qual estavam bem preparados.

A insatisfação popular aliada ao anseio por mudanças refletiu-se diretamente na campanha presidencial de 1922. O governo lançou seu candidato "café com leite‘ o governador mineiro Artur Bernardes, e a oposição apoiou o carioca Nilo Peçanha. Houve uma união entre os estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia apoiando Nilo Peçanha. Este movimento de oposição contou com o apoio de vários militares, que estavam descontentes com o governo de Epitácio, que tinha nomeado um civil para chefiar o Ministério da Guerra.

A eleição presidencial aconteceu no dia 1º de março de 1922, e como era costume, a situação representada por Bernardes venceu, sob muita pressão, corrupção e mentiras, provocando ainda mais a ira dos jovens rebeldes que queriam a liberdade, que ansiavam que os direitos dos cidadãos garantidos pela constituição de 1891 fossem respeitados.

Eleito presidente em 1922, o mineiro Artur Bernardes, tornou-se para os oposicionistas, um símbolo de corrupção e/ou fraude. Estes julgavam ser imprescindível uma reação seria, ou no mínimo puma reação seria, ou no mínimo promover um movimento contestatório que despertasse o povo para a situação. Pois na opinião da oposição, caso não tomasse uma atitude drástica, a nação caria na mão impiedosa da tirania e a republica estaria praticamente morta.

Segundo Wachowicz os revoltosos consideravam que a revolta seria uma maneira de advertir os governantes, e se fosse bem organizada e obtivesse êxito, alcançaria seu objetivo principal que era depor o presidente Artur Bernardes, cujo governo, desde o inicio, era permeado por um estado de sitio permanente, inclusive com censura á imprensa. A intenção dos revolucionários era substituir Bernardes por um político honesto, o qual segundo eles seria capaz de moralizar os costumes políticos.

Viana descreve que a prisão do Marechal Hermes da Fonseca, presidente do clube Militar, precipitou a eclosão da rebelião para o dia 05 de julho. Os jovens tenentes queriam impedir a posse do presidente eleito em pleito ilegítimo. Julgavam que caso conseguissem em possa r um candidato doa Reação Republicana bastava ele por em prática o programa de moralização dos costumes políticos e de atendimento as demandas dos militares.

No entanto, a vitória não foi tão fácil quanto desejavam, apesar de lutarem bravamente. O levante de 5 de julho foi um fracasso, restando para o enfrentamento com as forças do governo apenas um pequeno grupo de tenentes que ficaram conhecidos como "os 18 do forte", os quais numa mostra de coragem e perseverança, foram massacrados em plena Copacabana, pela armas do governo. Contudo, seu exemplo foi decisivo para que o sonho de liberdade dos outros rebeldes não morresse.

Mas o impacto causado pelo gesto daquele punhado de jovens, massacrados pelas tropas governistas em plena praia de Copacabana, seria duradouro. A chama da rebeldia tenentista tão cedo não seria apagada, apesar da violenta repressão desencadeada contra todos os se opunham tanto ao governo de Epitácio Pessoa quanto ao do novo presidente Artur Bernardes, afinal empossado conforme o previsto, ao dia 15 de novembro de 1922.

Assim, segundo Anita Prestes, a atitude dos novos tenentes deu novo animo para que novas conspirações e levantes serem preparados.

Dois anos depois, os tenentes, que haviam sido derrotados em 1922, conspiraram em uma nova revolta, sob o comando do coronel reformado Isidoro Dias Lopes, o movimento foi deflagrado no dia 5 de julho de 1924, eclodindo em São Paulo uma nova revolução nos quartéis. As ações tiveram início na madrugada do dia 5.

Segundo Vianna, durante algum tempo, os rebeldes dominaram a capital paulista, mas foram obrigados a recuar quando o governo bombardeou a cidade. Foram então juntar-se aos tenentes gaúchos que no dia 29 de outubro de 1924. Sob o comando do capitão Luiz Carlos Prestes havia amotinado varias unidades naquele estado. Depois de vencerem as forças legais, paulistas e gaúchos deram inicio a marcha que ficou registrada na história como a Coluna Prestes.

 

COLUNA PRESTES

 

Segundo Anita Prestes Em setembro de 1924 o então capitão Luiz Carlos Prestes, o qual servia no 1° Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo, pediu demissão do exercito e usou o fato como subterfúgio para aparentemente mostrar que a havia abandonado a carreira militar e assim afastar as suspeitas de sua participação no movimento tenentista.

Logo, Prestes se revestiu de suma importância para a revolução. Além de auxiliar o tenente Anibal Benévolo, um jovem oficial da Brigada da Cavalaria de São Borja, que foi o principal coordenador da conspiração militar no Rio Grande de Sul, Prestes passou a comandar além do 1º BF que o acompanhara de Santo Ângelo, graças a seu poder de liderança, também elementos militares e civis remanescentes dos diversos levantes ocorridos no Estado.

“Nunca deixamos um ferido para trás. Isso mantinha o moral da Coluna, porque os soldados sabiam que não seriam abandonados”. Prestes

Anita Prestes descreve em sua obra, que Prestes sempre levando em conta a disciplina e respeito, implantou um novo modelo de relação subordinado/oficiais, criando vínculos de companheiros, sem menosprezar a obediência. Em três meses ensinou todos os soldados analfabetos a lerem e oferecia comida e ALOJAMENTOhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png de qualidade a eles, procedimento que foi fundamental para manter o animo das tropas. Assim, ele conquistou o respeito das tropas e a cada dia mais aliados, com a convicção de não permitir a derrota de modo algum.

Ao chegarem a comunidades como Santo Ângelo, o prestígio de Prestes era tanto que ao contrário do que ocorria na revolução em que os soldados tomavam mantimentos a força da população, ali os próprios moradores ofereceram comida a Coluna, dando assim, mais força ao Capitão perante seus subordinados.

Esse prestigio de Prestes, culminou com a sua nomeação, pelo general João Francisco Pereira de Souza, como coronel, nomeando-o comandante da Coluna do Centro da Divisão Revolucionaria do Noroeste do Rio Grande do Sul, um reconhecimento assim, pelo papel de destaque frente às tropas.

Segundo Wachowicz, a ocupação do extremo oeste do Paraná, pelos revoltosos, iniciou-se com a tomada da cidade de Guairá. Em seguida foram ocupadas Porto Mendes, Porto São Francisco e Porto Britania. Pouco tempo depois chegaram a Catanduvas. Entretanto, a maioria das forças sob o comando de João Francisco, permaneceu em Porto Mendes onde aguardavam a chegada da poderosa tropa do General Isidoro, a Guairá. A cidade de Foz do Iguaçu encontrava-se então abandonada pelas autoridades e pela maioria da população favorecendo a tomada pela patrulha rebelde chefiada por Juarez Távora, no dia 24 de setembro.

Segundo Wachowcz em sua obra, obedecendo às orientações do general Isidoro, que em outubro já tinha alcançado com os paulistas o interior do Paraná, os revoltosos gaúchos, sob o comando do capitão Luís Carlos Prestes, partiram em direção ao norte, rumo a Foz do Iguaçu (PR), para lá se unirem gaúchos e paulistas, o que ocorreu em abril de 1925, e com ele teve início a epopéia da Coluna Miguel Costa-Prestes, ou simplesmente Coluna Prestes, que iria percorrer o Brasil de Norte a Sul, Leste a Oeste. Isidoro iria para o exílio na Argentina, buscando de lá, influenciar novos surtos revolucionário. Enquanto Juarez Távora e Miguel Costa prosseguiram com a luta, Miguel Costa assumiu a chefia da coluna formada por elementos do Rio Grande do Sul e os remanescentes de Catanduvas, onde Luis Carlos Prestes integrava-se ao estado maior da coluna. Segundo Wachowitz A coluna foi organizada de acordo com a seguinte divisão:

• Comandante Geral: General Miguel Costa.

• Chefe do Estado Maior: Gal. Luís Carlos Prestes.

• 1° Destacamento: Cordeiro de Farias

• 2° Destacamento: João Alberto

• 3° Destacamento: Siqueira Campos

• 4° Destacamento: Djalma Dutra

Cada um desses destacamentos era formado por 400 homens.

Os legalistas apertavam o cerco dos revoltosos sobre o Paraná. Mesmo assim a coluna conseguiu atravessá-lo, embarcando nos portos Mendes e Artaza com cavalos, armamento pesado e munições, indo desembarcar em Porto Adela, na margem paraguaia. Para realizarem a travessia; de 27 a 29 de abril de 1925, os insurgentes ordenaram a um esquadrão, comandado por Deusdedit Loiola, atrair o grosso da tropa legalista para Foz do Iguaçu, enquanto a coluna se retirava de Porto Mendes. Os executantes da manobra diversionária não conseguiram alcançar os companheiros, sendo obrigados a emigrar.

Segundo Wachowitz, nos cerca de dois anos em que existiu, a Coluna Prestes percorreu 24 mil quilômetros e passou por 13 estados da federação. Foi combatida por todos os tipos de adversários: forças regulares, conduzidas pelo General Cândido Mariano da Silva Rondon e Coronel Bertholdo Klinger, milícias estaduais, jagunços, assaltantes e cangaceiros. Enfrentou efetivos superiores ao seu, que era de 1.500 homens, sem que nunca lhe tivesse sido infligida uma única derrota séria. Invadiu várias cidades, saqueando-as, buscando roupas, alimentos e remédios. Algumas cidades recebiam a coluna com honrarias, enquanto outras ofereciam resistência. Para estas, a coluna era impiedosa.

Entretanto, segundo Meirelles Prestes defendia uma nova tática de "guerrear‘. Para ele os rebeldes deveriam se libertar da guerra tradicional em trincheiras e estabelecer uma nova forma de confronto denominado "Objetivo geográfico" através do qual o inimigo é encurralado até a morte.

Apesar de inúmeras emboscadas preparadas por tropas leais ao governo, os revolucionários chegaram ate Foz do Iguaçu com muita facilidade.

As forças revolucionárias se concentraram no extremo oeste do Paraná o que provocou uma mudança na estratégia governamental visando impedir o avanço dos rebeldes. Com essa finalidade, foi nomeado o General Candido Mariano da Silva Rondon em agosto de 1924.

A forte investida militar foi enfraquecendo os revoltosos e para estes os únicos reforços possíveis eram aqueles que vinham do Rio Grande Do Sul. Era preciso, pois fazer recuar os rebeldes antes que recebessem reforços. Sendo que a tomada de Formigas e o contra ataque dos sitiados em Catanduva, foram as ultimas ofensivas bem sucedidas dos revolucionários quando estavam no Paraná.

 

AS BATALHAS EM CATANDUVAS

 

Segundo estudos de Wachowicz o ataque a Catanduvas, ocorreu no dia 23 de março, sendo que ·nesse primeiro ataque foram lançadas 1200 granadas no período das 7 às 13 horas. Nalocalidade de Cajati, a qual estava localizada no flanco direito dos revolucionários, eram 1000 homens contra apenas 90, o que levou os revolucionários a sucumbir. Juarez Távora salvou o contingente localizado na Fazenda Floresta. Nodia 28 de março os revolucionários estavam praticamente cercados, no entanto continuavam combatendo em Catanduvas, esperando que chegassem reforços enviados por Miguel Costa.

Wachowitz registra ainda, que o comandante Rondon obteve êxito em suas manobras e não deixou alternativas aos revolucionários de Catanduvas, os quais tiveram que se render, pois contavam com apenas 407 revolucionários, cercados pelos 4.000 legalistas de Rondon. Entretanto, o oficial Estilac Leal e alguns outros oficiais e praças, conseguiram fugir de noite. Nesse confronto, foram registradas as maiores perdas em todas as operações durante a revolução.

Selada a queda de Catanduvas, Juarez Távora atendendo ordens do General Miguel Costa cobriu juntamente com o Batalhão Cabanas, a retirada dos revolucionários no eixo Catanduvas-Cascavel-Benjamim-Foz do Iguaçu. A primeira resistência na retirada neste eixo ocorreu ao sul de Salto, a fim de garantir a retirada dos revolucionários que vinham de Centenário.

Távora destaca que as forças governamentais conseguiram apreender, entre Catanduvas Cascavel, diversas armas e munição dos revolucionários. Esse procedimento contribuiu também, para a queda da Praça de Catanduvas e das adjacências, o que tornou estrategicamente insustentável a situação dos revolucionários, no extremo oeste do Paraná Por conseqüência, a liderança da Revolução passou para Miguel Costa e Luiz Carlos Prestes.

Os objetivos da Coluna não foram alcançados de imediato, os quais eram a deposição do presidente e o fim do regime· político hegemônico que estava instalado no Brasil. Mas estes veteranos da coluna, voltariam a cena no golpe de 1930.

Segundo Angélico A célebre Coluna Prestes percorreu cerca de 25.000 km obtendo diversas vitórias contra as forças legalistas. Inutilmente procuro sublevar as populações do interior contra Bernardes e a oligarquia dominante. Sem base popular não teve êxito.

A Coluna Prestes, o qual manteve-se em combate durante 25 meses de lutas, hoje é considerada um dos feitos mais expressivos da historia contemporânea.

 

CATANDUVAS APÓS 1924

 

Após os conflitos de 1924, o governo brasileiro despertou para a colonização do oeste do Paraná, pois a presença de revolucionários paulistas e gaúchos na região do Rio Paraná, conseqüentemente foi uma forma de divulgação a todo o país, da situação social e econômica em que se encontravam os moradores dos municípios dessa região e assim, percebeu-se a difícil sobrevivência dessas populações.

Segundo Wachowicz, neste período ocorreram alguns fatos a nível nacional que repercutiram no oeste do Paraná. A partir de 1930, com a abertura da estrada de ferro para a população em geral entre Guairá e Porto Mendes, a indústria Paulista iniciou a colocação de mercadorias na região de Foz do Iguaçu apesar desse comércio não ter se efetivado os empecilhos eram vários principalmente relacionados aos comerciantes e autoridade Argentinas e àté os da companhia Mate-Laranjeira.

A Companhia Mate Laranjeiras iniciou então, no ano de 1931 o recrutamento de trabalhadores vindos das favelas do Rio de Janeiro. Esse fato aconteceu ao tempo em que Getulio Vargas assumia o governo através da Revolução de 30, posto conquistado através do apoio de militares, muitos dos quais que haviam participado nos combates a Colunas Prestes e por conseqüência, conhecedores da situação brasileira das fronteiras do oeste do Paraná. E em 12 de dezembro de 1930, Vargas assinou o Decreto 19842 que significa medidas drásticas sob a perspectiva nacionalista: Vargas tinha o projeto de criar o Território Federal do Iguaçu na região das fronteiras do Paraná com Argentina e Paraguai, mais tarde implantar um forte núcleo onde seria a política da conhecida Marcha para o Oeste.

Departamento Nacional de Estradas e Rodagens criado em 1938, foi responsável pelo desenvolvimento do programa ·Marcha para o Oeste, a qual teria recebido o nome de BR 35, mais tarde denominada BR 277 (Ponta Grossa – Foz do Iguaçu), passando por Prudentópolis , Guarapuava, Laranjeiras do Sul e Cascavel.

 

 MIGRAÇÃO E COLONIZAÇÃO DO OESTE PARANAENSE

 

Segundo Wachowicz, com o desenvolvimento da colonização, e principalmente da pequena propriedade na região das barrancas do rio Paraná, iniciou-se uma nova etapa na história da região oeste. Os colonos, vindos principalmente do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, davam lugar aos mensu, finando as obrages. Enquanto isso, o pequeno é médio proprietário rural tomavam o lugar dos obrageiros.

Em 1930 famílias que residiam nas fazendas da sociedade campeira dos campos gerais, ocupando as margens da rodovia estratégica, chegaram ao oeste do Paraná, onde passaram a cultivar roças de subsistência.

Dentro dessa nova fase, a Fazenda Britânia, que viria a ser conhecida como Maripá, transformou-se na principal colonizadora do oeste paranaense, com sede em Porto Alegre, não obstante seu principal escritório estivesse montado em Toledo.

Os projetos imigratórios continuaram a ser o estabelecimento de pequenas e médias propriedades agrícolas através da introdução de imigrantes, política, aliás, consagrada pela Legislação Federal, com o Decreto 3.010 de 20 de agosto de 1938, ao fixar que 80% da quota de cada nacionalidade de imigrantes, a qual deveriam ser preenchidos por imigrantes agricultores.

Somente no final de década de 40 começou a ocorrer então uma forte migração para o oeste do Paraná. Segundo Pinheiro Machado, nesta nova fase do povoamento do Oeste Paranaense companhias colonizadoras, particulares empreenderam também grande ação como, por exemplo, a Maripá.

O desenvolvimento do oeste do Paraná ocorreu com a necessidade de madeira para atender a construção civil devido à urbanização brasileira e para a reconstrução da Europa destruída pela Guerra. Tendo como base o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, optou-se pelas pequenas propriedades familiares priorizando colonos descendentes  de imigrantes europeus.

Os ocasionistas eram gaúchos e tudo indica, orientavam-se lato sensu pela política da marcha para o Oeste desencadeada ainda no Estado novo. O Território Federal do Iguaçu seria colonizado preferencialmente por colonos oriundos do excesso de mão-de-obra agrícola detectado nas antigas colônias de imigrantes do Rio Grande do Sul‘. (W ACHOWICZ, 1982, p.65)

Devido ao potencial da região, os gaúchos optaram por se instalarem nesse território. A preocupação fundamental destas empresas na ação colonizatória era justamente contemplar o elemento humano com a pequena propriedade, policultura e industrialização.

 

 

O MUNICÍPIO DE CATANDUVAS NO PROCESSO DE COLONIZAÇÃO DO OESTE DO PARANÁ

 

Catanduvas teve sua instalação como Distrito em 1902, na ocasião em que a Comissão Militar comandada pelo General Mariano da Silva Rondon estendeu até àquela localidade os fios da linha telegráfica, inaugurando também a Estação Telegráfica de Catanduvas. Em 1914, Catanduvas foi elevada a categoria de Distrito Judiciário, pertencendo ao Município de Guarapuava. Pela lei 6.667 de 31 de março de 1938, passou a ter dominação de Rocinha, porem mais tarde com a lei número 7.573, voltou a denominar-se Catanduvas, foi ai que passou a fazer parte do Território Federal do Iguaçu.

Com o fim do Território, Catanduvas passou novamente a fazer parte do Estado do Paraná, depois de fazer parte do município de Laranjeiras do Sul. Em 1951 passou para Guaraniaçu, ainda como distrito. Pela Lei 4.245 de 25 de julho de 1960, foi elevada a categoria de Município, desmembrando-se de Guaraniaçu, tendo como Prefeito nomeado Antonio Vargas. O município foi instalado em 08 de dezembro de 1961, tendo como primeiro prefeito eleito, Augusto Gomes de Oliveira Júnior, que administrou o município até 1964.

Hoje o Município tem como pólos no interior, o Distrito de Ibiracema e a comunidade de Santa Cruz e na cidade destacam-se os bairros Alto Alegre, Pinga Fogo e Menino Deus. Ainda como aspectos históricos, Catanduvas destaca-se pela passagem da  Revolução de 1924, onde ficaram as marcas através dos cemitérios dos ex-combatentes, armas e munições que comumente são encontradas na trilha da batalha.

O Município de Catanduvas está situado na região Oeste do Paraná no Planalto de Guarapuava. A. região oeste teve sua ocupação em ritmo acelerado a partir da década de 60. Dois importantes fluxos migratórios configuram a estrutura de sua economia agrária. Constituído por descendentes de europeus, e outro, vindo das áreas cafeeiras do norte do Paraná.

Esse incremento cultural, decorrentes da revolução de 1924 que culminou com o efetivo processo de colonização da região, trouxe benefícios para a região, sendo um deles a diversidade de costumes e tradições que contribuem para a economia do município. Destaca-se a produção de vinho e outros derivados da uva, implantada no município por descendentes de italianos, o qual tornou-se referencia culminando inclusive na festa tradicional de Catanduvas que é a Festa do Vinho.

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